sexta-feira, 28 de maio de 2010

Lendas Urbana: A Procissão das Almas

Olá Galera da Dark Rock Belém, depois de ficarmos sem Lendas Urbana um tempo, hoje estou voltando trazendo um novo cronograma para a coluna que entrara uma sexta-feira sim outra não, e assim por diante, obrigado pela compreensão e vamos ao que interessa.

A procissão das Almas
Diziam os antigos:- Não se deve nunca procurar saber as coisas que não nos dizem respeito. A curiosidade tem seu preço!

Carmelina sabia disso. Mas, curiosa por excelência, querendo saber de tudo, principalmente da vida de seus vizinhos, não dava a mínima importância pra o sábio conselho. Ou melhor, dar importância, dava, porém, solteirona, sem ter muito o que fazer, dividia seu tempo entre Rex, seu cachorrinho pequinês, e o levantamento que fazia da vida dos moradores da cercanias.

No bairro de Santa Izabel, onde morava, todos a conheciam: quisessem saber da vida de quem quer fosse, bastava dirigir-se à Carmelina. Sempre tinha informações, sabia quem era solteiro ou casado, viúvo ou desquitado, quem namorava ou estava livre, enfim, era autêtico Diva- Departamento de informações da vida alheia. Quando chegava a um grupo, era sempre perguntando: O quê? Quando? Quem?, parecendo um repórter. Isso a fazia pessoa não agradavel nas rodas que frequentava, principalmente pela fama de fofoqueira e solteirona.

...e os antigos diziam:- Não se preocupem com a vida alheia...

Entretanto, ou porque Rex não lhe absorvia totalmente o tempo, ou porque não tivesse algo mais útil que fazer, Carmelina estava sempre indagando daqui e de lá, procurando saber tudo, não com aquela interrogação necessária à existência da própria ciência, porém de maneira bisbilhoteira!

...e diziam os antigos:-Cada um pense em si e Deus em todos...

Naquela noite Rex estava inquieto. Era bem tarde, e Rex começou a latir, farejando o ar. Em casa de Carmelina, todos dormiam, com exceção da própria, que ficava na janela espiando um casal de namorados quase defronte à sua residência.

Mal deitara e eis os latidos de Rex a fazerem com que novamente se levantasse. Pegou o cachorro, levantou-o e o acariciou, como só as solteironas sabem fazer com os animais. O alvoroço do cachorro continuava. Nesse momento, ouviu um estranho ruído vindo da rua, como se fosse passos de muitas pessoas.

e os antigos diziam:-Não se meta onde não é chamada...

Carmelina não quis saber disso. Mais sua curiosidade havia sido provocada olhou para relógio 1minuto para a meia noite em um dia de sexta feira.

E abriu a janela. No relógio meia noite em ponto!!

O que viu, petrificou-a! Uma procissão, todos conduzindo velas e entoados hinos religiosos. Não havia sido programado nenhum festejo para aquele dia, e Carmelina não podia compreender a razão daquilo os sons eram enrouquecidos carvenosos, e não captava as palavras claramente.

Quis fechar a janela.

Mas uma força superior ao comando de seu cérebro paralisou-a. .

Mil vezes arrependida, Carmelina, sem poder se mexer, notou que um dos componentes da procissão saía do meio dos demais e caminhava em sua direção. Chegou até a janela

-Estou muito cansada. A senhora, por favor, quer segurar esta vela ? Depois voltarei para apanhar...

Mecanicamente , sem entender o gesto muito menos articular as palavras, Carmelina estendeu a mão, segurando o que lhe era oferecido. Mal segurou, a vela apagou-se! A pessoa que lhe dirigira a palavra retornou à procissão, acompanhando-a.

Pregada na janela, Carmelina viu o cortejo dobra na Conselheiro Furtado, rumo à Travessa José Bonifácio, assim como se fosse para o Cemitério de Santa Izabel...

Coma vela na mão, Carmelina ficou a madrugada toda lá sem conseguir sair. Exausta, já quase de manhã, conseguiu finalmente deita-se, colocando a vela em cima da cômoda. Teve um sono angustiante, onde se via cercado por seres espectrais...

-Quem brinca com fogo acaba se queimando, diziam os antigos...

Após desperta Carmelina foi verificar a vela em cima de sua cômoda. Recuou espantada.

- Não é possível....!!!

No lugar da vela, estava um osso humano, mais precisamente um fêmur!

Gritou desesperada, sendo acudida por seus familiares. Contou-lhe o ocorrido mais nínguem acreditava mas a única confirmação da história foi o fêmur.

Carmelina recorreu aos frades capuchinhos, aos quais narrou o acontecimento da noite passada. Os frade disseram-lhe que talvez quisessem trazer alguma mensagem. E aconselharam-na a passar o dia rezando pelas lamas sem paz e esperasse, sozinha, à noite, às mesma horas, para ver o que aconteceria. Disseram ainda que possivelmente iriam buscar o que haviam deixado.

À medida que o tempo passava, mais sua ansiedade aumentava. Carmelina sentia calafrios e ficou toda arrepiada ouviu os cânticos da noite anterior.

Apressadamente, vencendo o pavor que sentia, segurou o fêmur e esperou na janela. Quando a mulher se dirigiu a ela perguntando pela vela. Carmelina entregou-lhe o fêmur.

_ Espero que tenha aprendido a lição. Sua sorte foi ter consultado os frades e feito o que lhe disseram. Em caso contrário, não pode nem imaginar o que lhe reservava... Somos almas penitentes, à procura de paz. Pense um pouco em si mesma e nos seus defeitos e deixe de se incomodar com o que os outros.

Ao terminar, dirigiu-se novamente à procissão.

Muda, paralisada, Carmelina seguiu-a com o olhar, e assim a mulher sumiu aos poucos, como se estivesse evaporando...

...e diziam os antigos:_ Não se deve nunca procurar saber coisas que não nos dizem respeito. A curiosidade tem seu preço...!

Você vai contraria o que dizem os antigos???

Postador por: Pietrina

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